Vejo por aí notícias dizendo que o Tombini está preocupado com a inflação alta, porque estaria muito acima do centro da "meta" (que meta?); que o governo não está conseguindo controlá-la.
Eu fico pasmo como esses "economistas" parecem não entender nada de economia.
Então neste texto vou derrubar argumentos que a mídia vive divulgando nestes dias:
1 - O governo quer baixar a inflação: ERRADO.
2 - A culpa pela alta da inflação é dos consumidores: ERRADO.
3 - A culpa pela alta da inflação é por causa do tomate, da carne, da gasolina, que provocam altas em certas épocas e pressionam o índice para cima: ERRADO.
4 - Aumentar a SELIC induz a queda da inflação. ERRADO.
Por que todas as afirmações estão erradas? Vamos às respostas.
Quem quer AUMENTAR a inflação é o governo. O motivo é simples: quanto ele aumenta a SELIC, todos os preços da economia tendem a subir, porque taxa de juros é um custo para todos os agentes econômicos e, no fim da cadeia, desembocam nos preços.
O governo quer aumentar o juros por alguns motivos:
a) quer INIBIR o desenvolvimento econômico do Brasil. Sim, isso mesmo. É bem simples o motivo. No Brasil, a maior parte da população não tem poder de consumo. Se o Brasil desenvolver muito bem sua infraestrutura ( = investimentos), a produção nacional (muito focada em agricultura e metais básicos) tende a ser, na maior parte, exportada.
Ideologicamente, o governo que impedir que o Brasil seja eminentemente exportador de minérios e comida, porque, como a população tem baixa renda, isso iria encarecer os produtos aqui dentro, já que os outros países iriam levantar os preços por ter renda per capita maior.
Esse é um dos motivos pelos quais a manga (que no Brasil nasce facilmente) é mais barata nos EUA do que no Brasil, dentre vários outros produtos.
b) Aumentando a taxa de juros, o governo atrai investimentos, mesmo que seja para aposentados japoneses aplicar na caderneta de poupança brasileira ou para especuladores ricos americanos fazerem carry trade (tomar empréstimos nos EUA a 2% ao ano e aplicar na renda fixa brazuca a 9% ao ano + ganho de variação cambial).
Com essa entrada de recursos, o governo pode gastar perdulariamente. Mesmo que isso seja roubo e crime administrativo, o dinheiro entra na economia e acaba remunerando os trabalhadores. Assim, há uma tendência de aumento da renda, principalmente da baixa renda.
Nessa manobra, o governo ganha tempo: aumenta a renda, mesmo que seja por meios vis, e assim pode permitir aumento do PIB e de algum investimento em infraestrutura, mesmo que baixo e insuficiente.
c) Com os itens "a" e "b" acima, os preços no Brasil sobem muito. Quem vive na Itália, EUA, sabe que os preços brasileiros são altíssimos. Mas o governo se beneficia, já que aumento de preços significa aumento de impostos. Assim, custeia parte de sua pesada conta financeira para pagar os juros.
Com preços altíssimos, há também outro importantíssimo efeito que o GOVERNO QUER MUITO: LIMITAR O CONSUMO!
SIM, O GOVERNO QUER QUE O CONSUMO NO BRASIL SEJA BAIXO, apesar de toda mídia dizer o contrário.
O motivo está nos itens "a" e "b". SE o consumo interno no Brasil fosse alto, demandaria naturalmente mais investimentos (como já disse, o governo quer crescer, mas a taxas baixas para esperar a maturação do mercado consumidor interno). Assim, com preços altos, muitas pessoas não consomem e é por isso que a caderneta de poupança bate recordes todos os anos.
Com pouco investimento interno (por causa dos preços altos e taxas de juros altas provocados pelo governo), a população tende a se desenvolver pouco. Assim, fica sujeita e politiqueiros de baixo nível, que só roubam (mais fácil) e não trabalham para beneficiar o país como um todo (mais difícil).
Pode parecer que o aumento de salários da baixa renda é bom. Mas trava investimentos internos, porque aumenta o custo, principalmente da indústria. O economista Paulo Gala ilustrou este aspecto muito bem, nos textos de 09/12/13 e 09/01/14,
deste link (aumento do custo do trabalho) e
deste link (indústria brasileira parada).
Estes aspectos mostrados por Paulo Gala ajudam a retroalimentar o efeito maléfico que destaquei acima: indústria mal desenvolvida, baixa produtividade, atravancam o progresso.
Assim, posso concluir:
5 - Se o governo quisesse baixar a inflação, BAIXARIA A SELIC.
6 - Baixando a SELIC, induziria o AUMENTO do consumo e, consequentemente, aumento dos investimentos internos, inclusive da infraestrutura. Assim, o aumento do consumo provocaria, em um prazo maior, a REDUÇÃO dos preços, já que provocaria aumento da oferta, redução de custos de logística, dentre outros. O aumento de consumo no Brasil inclusive REDUZIRIA as alíquotas dos impostos, já que, com PIB maior, a necessidade de arrecadação seria atingida com alíquotas menores.
7 - Enfim, o governo quer exatamente o que está acontecendo: aumento dos salários da baixa renda, baixo crescimento da infraestrutura, principalmente portuária e de ferrovias, aumento generalizado dos preços.
Essa postura parece ser ideológica, porque, apesar do raciocínio que expus parecer correto, é completamente errado.
Com tudo isso, o Brasil fica estagnado. Não exporta muito, mas também não importa muito. A população fica "travada", já que a média geral é puxada para baixo. Nesse ambiente, a imprensa comprada vive colocando a culpa, INDEVIDAMENTE, nos brasileiros que viajam para o exterior, que "desequilibram" a balança de pagamentos. Veja,
neste outro post, e
neste também, que trata-se de manipulação, certamente paga pelo governo, através de anúncios governamentais.
As pessoas que tem maior motivação individual ficam tolhidas em seu desenvolvimento, porque, no cenário que expus, as oportunidades, em geral, são menores do que em economias mais pujantes e mais dinâmicas. É por isso que existe a gana por passar em concursos públicos, sendo que, em uma economia sadia, a gana deveria ser um grande profissional em empresas privadas ou empresas próprias.
Assim, o campo fica fértil para lideranças populistas dominarem, com discursos rasteiros, fáceis de serem deglutidos (porque a população em geral é burra e inculta, travada pela economia quase estagnada).
Surge a casta dos "discurseiros fáceis", meros manipuladores da opinião pública geral, que é incapaz de discernir o que é realmente melhor para o país.
Sabemos que o discurso político mais fácil é o de "ajudar a quem mais precisa, ajudar aos pobres". Ladrões, chefes de quadrilha, tais como o MULA e seus mensaleiros, perceberam isso há muitos anos e repetiram à exaustão esse e outros mantras eleitoreiros. Ajudaram muita gente, mas com dinheiro dos cofres públicos (ou seja, SEU, leitor) e também entupiram suas contas bancárias com dinheiro roubado. Ajudaram aos outros com SEU dinheiro, leitor, mas se enriqueceram e não usam o dinheiro roubado para "ajudar os pobres".
E quando isso tudo terminará? Eu acho que o Brasil não tem jeito. Será sempre, eternamente, o país atrasado, mas sempre "com grande potencial".
A mentalidade das pessoas aqui é das piores possíveis. Não fazem nada. Criticam críticos como eu. As manifestações de 06/2013 foram vazias, parecidas com as mentes dos manifestantes. Não elegeram os culpados e o que exatamente queriam, objetivamente. Eu fiz
minhas sugestões, neste link. Mas quem botou mesmo a mão na massa parece que nem sabia direito o motivo de estar nas ruas.
Se vc é jovem, tem garra, ambições, acho que a sua melhor saída é morar nos EUA. Lá sim, se vc tem competência, trabalha bem (não precisa trabalhar muito, o importante é a qualidade, que é bem remunerada), será bem sucedido e viverá em um país mais palatável, sem essas mazelas que vivem ao seu lado.
Aqui, será essa eterna briga entre a máfia do poder VERSUS a outra máfia que quer o poder, sempre dilapidando o país inteiro, à revelia da inculta e bêbada sociedade.